Fluência da Matemática
"A fluência da Matemática pode ser analisada sob três aspectos, pela eficiência, pela acurácia e pela flexibilidade. A eficiência é a capacidade de executar os vários passos ou caminhos lógicos e elaborar estratégias para a solução de problemas, estando diretamente relacionada à memória de trabalho. A acurácia se refere ao conhecimento dos fatos numéricos, combinações e outras importantes relações numéricas, informações referentes à memória automática. Já a flexibilidade é o conhecimento de mais de uma abordagem para resolver problemas, que permite ao estudante escolher uma estratégia apropriada e checar o trabalho resultante, apresentando relação direta com o bom desempenho das funções executivas superiores." (Bastos, 2008)
"A fluência da Matemática pode ser analisada sob três aspectos, pela eficiência, pela acurácia e pela flexibilidade. A eficiência é a capacidade de executar os vários passos ou caminhos lógicos e elaborar estratégias para a solução de problemas, estando diretamente relacionada à memória de trabalho. A acurácia se refere ao conhecimento dos fatos numéricos, combinações e outras importantes relações numéricas, informações referentes à memória automática. Já a flexibilidade é o conhecimento de mais de uma abordagem para resolver problemas, que permite ao estudante escolher uma estratégia apropriada e checar o trabalho resultante, apresentando relação direta com o bom desempenho das funções executivas superiores." (Bastos, 2008)
Distúrbios relacionados à execução de operações aritméticas
Dentre eles se destacam a Acalculia e a Discalculia do Desenvolvimento (DD):
Acalculia, caracterizada por uma disfunção no sistema nervoso central, está relacionada ao substrato cerebral para operações aritméticas e manifesta-se após lesão, ou seja, ocorre após a consolidação das habilidades cognitivas.
Discalculia do Desenvolvimento (DD) não é causada por lesões cerebrais e está associada, principalmente, a dificuldades durante a aprendizagem de habilidades matemáticas, sem manifestar, no entanto, uma desordem nas demais funções mentais. Sua definição se baseia em critérios comportamentais e de exclusão, não existindo, ainda, claros marcadores biológicos para o seu diagnóstico clínico.
Dificuldades - Crianças com DD
Dificuldade na distinção de ordens de grandeza;
Na conservação de quantidade;
No sequenciamento e classificação numéricos;
Na compreensão de sinais matemáticos;
Na montagem de operações matemáticas e
Memorização de sequências.
DSM IV (APA, DSM-IV, 2004) - "Discalculia é um transtorno das capacidades para operações matemáticas, cálculo e raciocínio lógico-matemático, apresentando um desempenho substancialmente inferior à média do indivíduo."
Estudando e pesquisando sobre NEUROCIÊNCIA
As funções executivas
Antes de falar da síndrome disexecutiva, temos de discorrer sobre as funções executivas.
As funções executivas são o que o famoso neuropsicólogo russo Alexandr Romanovich Luria (link), e posteriormente seu aluno, Elkhonon Goldberg, chamam de o que nos fazem civilizados, humanos por assim dizer. A história humana desenrola-se na dependência das funções executivas.
Mas, você pode argumentar, a linguagem nos torna humanos, correto? Bem, há modos de ver isso, já que linguagem não é uma característica exclusivamente humana, pois vários outros animais comunicam-se, de um jeito ou de outro. Por certo a linguagem verbal, por meio de palavras articuladas em frases, é humano, mas gatos possuem sua própria linguagem que é entendida entre si, os cães do mesmo modo, e assim vai até os primatas superiores antes do homem, ou seja, os grandes macacos, como os chimpanzés e os orangotangos.
Agora, responda-me, qual animal planeja suas ações, organiza sua agenda, abstrai o mundo ao seu redor, mantém a atenção ou alterna o foco de atenção de acordo com seu interesse, mantém uma mente de tal modo flexível que consegue resolver um problema igual de vários modos diferentes? Todas estas são funções executivas. O único animal que consegue desenvolver a história em torno de si, e para isso necessita estas funções citadas acima, é o homem.
As funções executivas relacionam-se com o planejamento de ações, com o que chamamos de memória operacional, ou seja, a capacidade de manter algo em mente tempo suficiente para ser usado em uma tarefa imediata (como guardar um número de telefone para ser discado), e ainda com a atenção, tanto a sustendada (quando temos de manter a atenção em algo mesmo com distrações ao nosso redor) como a alternância de atenção entre objetos (como por exemplo, o ato de ler um livro e andar por um caminho tortuoso, ao mesmo tempo), a resolução de problemas, o que envolve atenção, raciocínio (outra função executiva), abstração (outra função executiva, também, sendo esta a capacidade de imaginar uma situação ou algo não concreto a partir de pistas), inibição de respostas não desejadas a uma determinada situação ou de comportamentos inapropriados a uma certa situação, flexibilidade mental (a capacidade que temos de resolver um problema de vários modos diferentes, o que demontra também nossa capacidade de atenção, raciocínio lógico e abstração) (ufa!!). Ah, nossa personalidade e nosso caráter (há controvérsias, mas deixemos elas de lado) são armazenadas aqui também.
As áreas cerebrais relacionadas às funções executivas são os lobos frontais, a parte mais anterior do cérebro.
Observe abaixo:
O homem é o animal com o lobo frontal mais desenvolvido na natureza, o que explica nossa maior habilidade social, comunicativa e nossa maior inteligência (apesar de algumas pessoas não usarem ele muito, não é mesmo?). Observe abaixo uma comparação dos lobos frontais de alguns animais e do homem:
O lobo frontal divide-se em várias sub-regiões. Observe abaixo:
Nesta figura, você vê o lobo frontal subdividido em suas sub-áreas. As regiões relacionadas às funções executivas são principalmente os córtices (plural de córtex é córtices) pré-frontais, dorsolateral e ventrolateral. Observe que a área motora, em azul escuro na figura, fica no lobo frontal, vindo logo depois o lobo parietal.
Observe abaixo:
http://www.memorylossonline.com/glossary/images/frontallobe.jpg |
http://c431376.r76.cf2.rackcdn.com/25631/fnint-06-00036-HTML/image_m/fnint-06-00036-g003.jpg |
O lobo frontal divide-se em várias sub-regiões. Observe abaixo:
http://ars.els-cdn.com/content/image/1-s2.0-S1364661308000612-gr1.jpg |
"De maneira mais resumida podemos dizer que são habilidades que possibilitam a criação de novos padrões de comportamentos e formas de pensar especialmente em situações não rotineiras."
Discalculia do Desenvolvimento
"Evidências genéticas, neurobiológicas e epidemiológicas indicam que a DD, como outras dificuldades de aprendizagem, é um distúrbio de base cerebral que envolve ambos os hemisférios, embora a área parietotemporal apresente em especial significado. No entanto, a má qualidade do ensino e a privação ambiental também têm sido implicadas na sua etiologia (Ramo do conhecimento que se dedica ao estudo e à pesquisa acerca daquilo que pode determinar as causas e origens de um certo fenômeno (ou de qualquer coisa))."
Principais Sinais e Sintomas da DD
"O diagnóstico precoce acaba sendo iniciado na sala de aula, estando diretamente relacionado à discrepância observada entre a inteligência do aluno (bom desempenho na maioria das disciplinas) e grande dificuldade ao desenvolver atividades como estruturação de textos escritos, gráficos, decodificação de símbolos e sinais, compreensão de tabelas, interpretação de problemas, enumeração para trás, leitura de números e cifras, imaginação de fatos aritméticos (soma de números na cópia, e mais tarde tabuadas)."
Classificações da Discalculia do Desenvolvimento
"De acordo com Garcia (1998), ao citar Kosc (1974), podemos classificar em seis subtipos:
- Discalculia Verbal - dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.
- Discalculia Practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.
- Discalculia Léxica - dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.
- Discalculia Gráfica - dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
- Discalculia Ideognóstica - dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.
- Discalculia Operacional - dificuldades na execução de operações e cálculos matemáticos".
"Características que melhor descrevem um quadro de DD
- Inabilidade em reconhecer e produzir os números elementares (Léxico) ou novos números a partir dos elementares (Sintaxe), ou seja, dificuldade na compreensão e reconhecimento de números e sua associação às grandezas correspondentes.
- Falta de compreensão das relações espaciais estabelecidas entre números em operações matemáticas (discriminação viso-espacial).
- Dificuldade de compreensão do raciocínio envolvido em operações matemáticas para cálculos simples e complexos nas quatro operações.
- Inabilidade em raciocínio matemático em problemas concretos e abstratos.
- A dificuldade não está na compreensão dos símbolos numéricos, mas sim nas relações de quantidade, quantificação.
- Erros na conversão de números na forma arábica para escrita e vice-versa.
De acordo com o apresentado por Bastos (2008)."
Métodos de Intervenção
"A identificação precoce e tratamento da Discalculia do Desenvolvimento são muito importantes devido à sua frequente associação com transtornos mentais. Os pacientes que apresentam DD precisam de uma completa avaliação diagnóstica e neuropsicológica, a qual deve considerar a complexidade da DD e seus múltiplos fenótipos fornecendo uma base para o planejamento de um transtorno eficaz.
Existem métodos de intervenção simples que podem auxiliar o desenvolvimento da criança com DD como o uso das mãos como instrumento de contagem e o uso da calculadora.
É recomendada também a utilização de jogos lúdicos que transmitam conceitos como memória de trabalho, memória de curta e longa duração, atenção, estruturação espaço-temporal, estratégia, raciocínio lógico e solução de problemas.
Visando auxiliar o aprendizado em matemática de alunos com DD é necessário que se diminua a quantidade de aulas expositivas, substituindo-as pela realização de jogos, atividades lúdicas e colaborativas, as quais envolvam todos os alunos e os coloquem a cargo da própria aprendizagem.
O uso de jogos como recurso didático é uma alternativa eficiente que permite o desenvolvimento da criatividades e a formação do raciocínio lógico. Sendo um recurso lúdico que leva à motivação para a aprendizagem, ampliam a autoconfiança, a organização, a concentração, a atenção e o raciocínio dedutivo.
Jogos são recursos com os quais os educandos podem produzir e compreender conceitos matemáticos, além de criar estratégias para atingir seus objetivos.
Tarefas de investigação podem resultar em um processo divergente, no qual é estabelecido um ponto de partida, no entanto, a finalização da tarefa depende de quem exerce a atividade. Ao indicar uma atividade através da investigação matemática, espera-se que os alunos possam de uma maneira consistente, utilizar os vários processos que caracterizam esta atividade, ou seja, precisam descobrir relações empiricamente existentes entre as características do exercício e os conteúdos matemáticos e suas propriedades."
Fonte: Oficina CAEM/USP
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