O que é autismo?
Para reforçar a importância do Dia Mundial da Consciencialização sobre o
Autismo (2 de abril), o Vida Mais Livre preparou duas reportagens sobre
esta síndrome. Apesar de não haver um consenso sobre o que causa o
autismo, os médicos atualmente têm recomendado que o foco seja no
diagnóstico precoce, pois é fator primordial para a melhoria destas
crianças.
Daniel Limas, da Reportagem do Vida Mais Livre
Estar
sempre sozinho, não desenvolver relações pessoais íntimas, não gostar
de abraços, evitar o contato olho no olho, repetir inúmeras vezes
determinadas ações e ter apego a objetos. Em alguns casos, a agressão – a
si próprio ou a terceiros – é comum. O modo de se comunicar também é
diferente: pouca ou nenhuma fala, repetição de palavras e inversão do
uso normal de pronomes. A maioria tem algum grau de retardamento mental e
outras sofrem de convulsões.
Essas
são características comuns às pessoas (nem a todas) que têm autismo,
que é lembrado em 2 de abril por ser o Dia Mundial da Consciencialização
sobre o Autismo. Geralmente, esse transtorno no desenvolvimento se
manifesta antes dos três anos de idade e é mais comum em meninos que
meninas. Pesquisas indicam que há cerca de um caso de autismo para cada
165 nascimentos. Outros estudos mostram que os casos dessa síndrome têm
crescido com o passar dos anos, mas não há um consenso.
“Não
sabemos ao certo se o número de pessoas autistas está aumentando
realmente ou se mais diagnósticos estão sendo feitos, graças a maior
quantidade de informação que chega aos médicos”, explica Ana Maria de
Mello, superintendente da AMA (Associação de Amigos do Autista),
de São Paulo. Hoje, ainda não se sabe exatamente o que causa o autismo.
Dessa forma, é chamado de Síndrome (conjunto de sintomas e sinais) e
como em qualquer síndrome o grau de comprometimento pode variar do mais
severo ao mais brando, atingindo todas as etnias e classes sociais, em
todo o mundo.
“Preventivamente,
os médicos recomendam que não se beba, fume ou se tome medicação sem
controle médico e que se tenha cuidado com a rubéola na gravidez. Além
de ser mandatório o teste do pezinho no bebê o quanto antes. Ou seja, as
recomendações feitas de praxe a todas as gestantes e que realmente
necessitam ser levadas a sério”, explica Ana Maria. Outros estudos
apontam ainda a contaminação por mercúrio (Thimerosal) e outros metais
pesados como possíveis causas.
Seu
diagnóstico até agora é essencialmente clínico. “Não há, até os dias
atuais, exames que possam ser apontados como ferramentas diagnósticas,
embora as pesquisas no campo da genética e bioquímica estejam se
desenvolvendo a passos largos. Sobre o número de nascimentos de crianças
autistas, 165 é a nova estatística nos EUA, pois no Brasil sabemos que
está aumentando, mas não temos ainda nenhuma estatística”, aponta
Geórgia Regina Macedo de Meneses Fonseca (que aparece na foto nesta
reportagem), médica pediatra, homeopata, especialista em saúde mental e
membro diretor e pesquisadora em autismo da Federação Brasileira de Homeopatia. Géorgia também é mãe de uma menina de 10 anos com autismo.
Segundo
a médica, o padrão de transmissão genética hoje está bem estabelecido.
“Autismo é uma disfunção de origem orgânica. Não cabe mais, à luz dos
conhecimentos científicos atuais, se propor outra origem para o autismo
que não seja de base biológica. Ele não ocorre por problemas dos pais,
porque a mãe não desejou o bebê, porque a babá foi embora, porque a vovó
faleceu, porque a família mudou de cidade”, explica. E complementa: “a
esta predisposição genética se acrescenta o surgimento de um gatilho
ambiental que pode ser o disparador para o início da manifestação da
sintomatologia. Este gatilho tem sido intensamente alvo de estudo. As
vacinas que o bebê toma antes de um ano chegaram a ser acusadas como
sendo os fatores predisponentes, mas até agora os estudos existentes não
confirmaram esta hipótese. Fatores ambientais como poluentes, ftalatos,
aditivos alimentares e outros, têm sido também apontados como sendo os
gatilhos disparadores para estes genes e ainda permanecem como fonte de
intensos estudos.”
Apesar
de não haver um consenso sobre o que causa o autismo, os médicos,
atualmente, têm recomendado que o foco seja no diagnóstico precoce, pois
é fator primordial para a melhoria destas crianças. “Os pais devem
ficar atentos a pequenos sinais demonstrados pelas crianças, como falta
de reciprocidade à fala da mãe, ausência de contato ocular durante a
amamentação, falta de atitudes antecipatórias do bebêm como estender os
braços para ser carregado ao colo, chorar demais ou ser quieto e não
usar seu dedinho indicador para apontar objetos de interesse, depois de
um ano de idade”, aponta Geórgia.
O Vida Mais Livre ainda preparou mais uma reportagem em homenagem à conscientização do autismo. Clique aqui e conheça sobre o desenvolvimento e o cotidiano das crianças com autismo.
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